sexta-feira, abril 28, 2006

Uma nova visão sobre o trabalho.

A vida nos EUA não está sendo nada fácil, é bom viver aqui.. mas a saudade aperta, as dificuldades vão surgindo. Graças a Deus somos dois e isso ajuda a vencer as dificuldades.
Afonso também tem trabalhado com o TAPE. Esse serviço realmente não é fácil. Tenho aprendido várias coisas, uma delas é a ver as situações de uma forma diferente. Trabalho com Rodrigo, um garoto mais novo que eu, deve ter aproximadamente 19 ou 20 anos. Com certeza é a pessoa que mais vi trabalhar na minha vida. Detém uma destreza incrível e um ânimo ao trabalho que realmente nunca vi ninguém assim. Trabalha 12, 13, 14 ou até 16 horas por dia sem parar. Fazendo uma parada para o almoço de apenas 30 minutos. E se deixar, ele trabalharia mais. Não são simplesmente coisas que escuto dele... vejo isso na prática. Seu único objetivo e fazer dinheiro o quanto antes para voltar para o Brasil. Vive aqui ilegalmente tem uma mulher e filha no Brasil que quer muito ver. Esse complexo de elementos (saudade, vidaa dificil no Brasil, oportunidade nos EUA) o faz trabalhar freneticamente em busca de um futuro melhor. Tem planos para o futuro que se norteia em adquirir imóveis no Brasil e viver dessa renda. Tenho aprendido muitas coisas com ele. Não só do trabalho, mas de experiências de vida mesmo. Sou tratado no trabalho como um garoto "perdido na vida". Ninguém na verdade intende meus objetivos ou faz questão de entende-los. Talvez seja incomum ou incocebível que um garoto venha para cá simplesmente para viajar e estudar. Adquirir conhecimento através da prática e da viagem. Enfim... sou um extranho no meio de pessoas que estão mortalmente contaminadas pelo virus do captalismo. Enfim, tenho visto de perto o que é trabalho ou o até que ponto se pode trabalhar por dinheiro. Realmente nunca vi pessoas trabalharem tanto por dinheiro. Tenho que ressaltar que aqui o esforço é válido, o retorno, quase garantido. Se muito trabalha, muito se recebe. Indiferente se é patrão ou peão.
Acordo de manha e não consigo segurar um copo de leite com minha mão. Meus dedos estão inchados e tenho medo de estarem irreversíveis. Doem muito. Trabalho pesado, não estou acostumado com isso. Quando chego ao trabalho, já quero ir embora. Tem sido triste chegar na casa em construção e pensar que passarei as minhas próximas 10 horas alí trabalhando e trabalhando pesado. O horário de almoço já é mais do que um horário de refrigério.. é um tempo de alívio. Trabalho tanto assim, já não mais porque quero, mas porque trabalhamos em outra cidade e tenho que acompanhar os demais. Como eles querem sempre trabalhar mais, meu voto se anula frente a fome de dinheiro.
Não sei quanto tempo aguentarei. Mas vou me esforçar, afinal, também preciso pagar minhas contas.

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