quarta-feira, agosto 02, 2006

Segundo dia no aeroporto de Miami

Hoje foi talvez o dia mais conturbada da minha viagem. Não dormi. Não teve jeito.. tentei dar um cochilo as 3 da madruga e uma máquina de encerar quase arrancou minha cabeça fora.. levantei e não tinha a menor noção do horário.. olhei o relógio e vi que eram 3:15 e não sabia se era da tarde ou madruga. Perguntei uma mulher que estava lá perto e ainda passei a vergonha dela me falar que eu tinha acabado de deitar ali.

Perdi o sono e fiquei esperando a hora de encontrar com o pai do Lucas.

Na conversa que tive com ele, eu precisava só de um endosso da AA. E nunca na vida poderia imaginar o tão difícil que isso seria. Depois de ver o afonso conversar com o supervisor da AA eu resolvi ir lá e ter uma conversa franca com o cara. Hum.. quem disse! O cara não quiz fazer a menor força e ainda ficou me dando lição de moral! Disse que só emitiria o ticket e endossaria
no dia 10! Ou seja.. adiantaria nada.

É triste... depender das pessoas é triste! Ainda mais de alguns americanos assim.. mas tá.. bola pra frente. Ainda não chegou o fim né!

Voltei no "meu amigo" e tentei entender o que eu poderia fazer para voltar.. o que seria possível e ele me disse que sem o endosso, não poderia fazer nada.

Esse foi momento foi crucial em minha vida. Sabia que não podia fazer mais nada. Todas as minhas forças já tinham se esvairado, já tinha tentando todas as possibilidades usado todos os meus recursos e ainda estava nos EUA!

Fiquei triste.. muito triste mesmo.. olhei para o chão e caminhei sem rumo no aeroporto. Não dava para acreditar que meu retorno para casa estava travado pela simples vontade de um homem (essa experiência mudou meus conceitos e a forma de ver o mundo).
Nunca esquecerei o que passei alí naquele aeroporto. Aquela tristeza, agonia, não dava para acreditar no que estava acontecendo! Comecei a refletir em tudo o que já tinha passado nos EUA e agora só queria ir para casa. No meio daquela desilusão algo acontece dentro de mim, uma paz surge e alegra meu coração. Levanto a cabeça ousado e confiante. Comecei a reelembrar tudo que Deus tinha feito para mim, quantos apertos, quantas dificuldades encontrei e em nenhuma delas Deus me abandonou. Lembrei do meu visto, lembrei dos apertos na flória, lembrei da dificuldade para juntar o dinheiro e realizar aquela viagem, lembrei-me das dificuldades para entrar no programa da universal. Aquela era apenas mais uma etapa.

Orei ao Senhor e fui franco em minha oração. Disse a Deus que já tinha utilizado todos os meus recursos, minha sabedoria, conhecimento, contatos, ousadia.. tuuudo! E agora estava passando para Ele cuidar para mim. Já não posso fazer mais nada.. agora é com o Senhor, disse a Deus. Agora confio e aguardo que o que era possível a mim... eu já fiz.

Dei uma volta, recobri meus animos e voltei ao Afonso e lhe disse: "vamos tentar mais uma vez?"

E fomos conversar com a agente comercial da AA. Algo que era totalmente improvável acontece. A mulher pergunta "can i help you!?" Eu disse que sim, só queria o endosso da minha passagem para a Varig. Ela me confirma dizendo que a Varig está quebrando e não garante o vôo. Eu confirmo dizendo que já consegui lugar no vôo e assim ela endossa a nossa passagem!

Quando chegamos ao balcão da Varig (totalmente vazio) os funcionários que já estavam sem trabalho e acompanharam nosso caso, quase não acreditaram no que conseguimos. E uma frase que nunca esquecerei, foi quando a garota da Varig disse: " É fico feliz por vocês terem conseguido voltar para casa. Já vi gente ficando aqui por muito menos do que vocês passaram." Não perdi a oportunidade de lhe dizer o que Deus já tinha feito e mudado na minha vida durante aquela temporada.

O vôo atrasou. Mas era inacreditável estar no salão em embarque para voltar para casa. Tentei ligar para casa, comunicar pela internet que estava chegando e que o impossível acontecera.

A viagem para casa foi muito cansativa, porém gratificante. O avião estava vazio, fui para a fileira do meio (4 poltronas) deitei e tentei dormir. Não consegui. Minha mente estava cansada, meu corpo já exausto mas mesmo assim não consegui dormir.

Atravesso a alfândega, já eram 00:30 do dia 03/08. Cheguei em casa, de volta ao Brasil!

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